terça-feira, 24 de novembro de 2009

Busscar: o chão de fábrica deve falar mais alto

“Cada fábrica fechada é um túmulo de postos de trabalho onde são sepultadas as esperanças de uma vida digna. Um monumento à especulação e à voracidade capitalista. E junto com este desastre vem a revogação de leis e conquistas trabalhistas e previdenciárias que custaram muitas e longas lutas, muito esforço e mortes, ao povo trabalhador da cidade e do campo. Por isso, os trabalhadores têm o direito de ocupar as fábricas para manter a civilização funcionando com a dignidade que querem lhe retirar.” Tal posição foi afirmada na Carta aos Trabalhadores Brasileiros, adotada por unanimidade na Conferência Nacional em Defesa do Emprego, dos Direitos, da Terra e do Parque Fabril Brasileiro, realizada em outubro de 2003, em Joinville, e patrocinada pelos trabalhadores das empresas ocupadas Cipla, Interfibra e Flaskô.

Tais palavras tornam-se ainda mais relevantes no atual momento em que Joinville acompanha a situação da Busscar, uma das principais empresas de carrocerias de ônibus da América Latina. Desde julho ela volta a passar por muitas dificuldades, pois mantém em licença remunerada cerca de 70% de seu quadro pessoal, hoje ao redor de 6 mil funcionários.

Ninguém quer ou espera que aconteça, mas é preciso alertar que a falta de uma folha de pagamento mensal de R$ 6 milhões será um corte profundo nas condições de vida dos trabalhadores envolvidos e de seus familiares, assim como para a economia de Joinville.

A seriedade dessa situação vai além do quadro funcional da empresa. Cálculos do setor metal-mecânico dão conta de que, para cada posto de trabalho fechado nesse ramo, quatro empregos indiretos são cortados em cadeia. Dessa forma, o desemprego que provocaria o fechamento de uma indústria do porte da Busscar atingiria 24 mil pessoas ao redor e teria conseqüência direta em pequenas e médias empresas.

A resolução desse problema é a responsabilidade a que estão chamados não apenas os gestores do empreen-dimento fabril, mas também os gestores públicos, responsáveis pelo bem estar do povo.

Os fatos e a situação em seu conjunto são muito claros. Para nós, o início da solução poderia ser a eleição livre, direta e secreta de uma Comissão de Fábrica entre todos os funcionários da Busscar, coordenada pelo Sindicato dos Trabalhadores, dotada de estabilidade no emprego, que abra a contabilidade da empresa e passe a controlar sua recuperação.

A direção da empresa patrocinou uma crise em 2004, levantou-se com dinheiro do BNDES e mais uma vez se abate. Recentemente vendeu a recreativa Grenil pela metade do preço avaliado para conseguir pagar a segunda metade dos salários de outubro. É hora de os trabalhadores tomarem seus destinos em suas próprias mãos.

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